Eu passei tanto tempo sendo a "Thayline Designer" que as vezes me esqueço de quem eu era antes disso. O que eu fazia, como lidava com as coisas e a não resolução de problemas parece algo tão distante e percebo quão longe me encontro do meu passado.
Depois de muito conversar com a psicóloga, percebi que tenho que desassociar. Um dia desses ela me fez a tão temida pergunta "quem é você sem o design?" percebi que essas habilidades e forma de enxergar grudou em mim como ervas daninhas: olhar os produtos, os outdoors, anúncios de TV.
Quando estava ou não trabalhando o caos tomava conta de mim e essa pergunta me colocou em uma posição muito delicada sobre o que tinha me tornado. Lembro que por semanas me peguei em crises sobre quem eu era de verdade e quem já fui, e percebi leves padrões que diziam muito sobre mim e a forma que eu levava a vida.
Passei a esconder das pessoas minhas habilidades o máximo que eu podia: escrevo desde criança? "Whatever, nem é tão bom assim". Nos grupos eu era a que sempre falava que não sabia. Fotografia? O que é isso? Espanhol? Não prático fazem meses. Eu passei a colocar todos meus hobbies como secundários como se eu fosse horrível neles.
Parei de fazer coisas que sempre fiz, pintar os quadros, fazer pulseiras, ler livros sem contexto. Vivendo no automático dia após dia e depois de um tempo essa dúvida voltou a me assombrar novamente.
Concluí que mesmo sendo a Thayline, a que mexe com design e isso fazer uma parte de mim, eu não sou só isso. Sou formada por realitys ruins, documentários longos, fotos de plantinhas, a que estuda investimentos e moda no tempo livre.
Também sou estudante de idiomas diários e "hater de carne", amante de sorvete de flocos, tocadora de ukulele, textos sem contexto e finalmente, uma apaixonada por cores sim.
Seria mentira dizer que até hoje não tenho crises sobre isso, tenho sim, confesso - e isso fica ainda mais nítido nas férias - mas apesar de gostar muito de estudar sobre design, eu sou muito mais e tenho tentado aprender a lidar com essa informação.
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